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Palavra de escuteira

De que valem as palavras se forem apenas ditas, se não forem sentidas, se não forem intencionais e se não nos soubermos expressar através delas? A chama da aventura. Decisões e caminhos divergentes. O meu quotidiano.

Palavra de escuteira

De que valem as palavras se forem apenas ditas, se não forem sentidas, se não forem intencionais e se não nos soubermos expressar através delas? A chama da aventura. Decisões e caminhos divergentes. O meu quotidiano.

Acredito no Trabalho

Não sabia o que escrever, mas sabia que o queria fazer. Decidi que ia espremer palavras deste meu cérebro e ver no que dava.

Foi então que me lembrei que, daqui a pouco mais de uma semana, vou para a minha viagem de finalistas. Esta quase tradição dos alunos do 12º ano é muito controversa e nem por isso económica, no entanto, segundo o que se diz, é algo único e inesquecível. 

Rendi-me a estas expectativas e lancei-me numa aventura que passou por várias fases que parecem não ter fim. Obviamente, falar com os meus pais foi a primeira delas todas e uma das mais difíceis 

Nunca fui ensinada a ficar sentada à espera que as coisas venham ter comigo e isso foi um dos argumentos apresentados na longa discussão com os meus progenitores. Ora, se o dinheiro não nasce das árvores e se a carteira dos meus pais não está recheada, está claro que isso foi uma barreira que desde inicio se mostrou forte de derrubar.

Cá na escola é costume os finalistas fazerem festas durante o ano até à altura da Viagem e, no fim, os lucros revertem para os afortunados que venceram a disputa com os papás. De momento, o assunto que dá dores de cabeça ao grupo que se vai desgraçar para Espanha, é a distribuição do dinheiro. Será melhor ser distribuído de forma igual ou será mais inteligente que cada um receba consoante o trabalho desempenhado? E se for este o caso, quem é que teve de suar mais para que as coisas fossem feitas e quem é que se encostou a uma cadeira durante todo este tempo? 

Apesar daquilo que possa parecer, organizar festas dá imenso trabalho. Fizemos 4 festas e um desfile com direito a After Party, o que, tudo somado, dá 5 eventos, muitas horas de sono perdidas, muito stress para que as coisas fossem bem feitas dentro dos prazos e demasiadas discussões. Tudo isto entre aulas, testes e trabalhos para entregar.

Não me posso queixar, os meus pais têm sido realmente espectaculares. Confiam em mim, mas devo dizer que não estava nada à espera. Desde tardes passadas em reuniões com os meus colegas, a festas nas quais só chego quando eles já estão a tomar o pequeno almoço, até aos favores e coisas em que preciso ajuda deles. As minhas notas subiram exponencialmente este ano, o que acredito ser um fator a meu favor.

"Há pessoas que nascem com o cu virado para a Lua", diz a minha mãe. Todos nós sabemos que isto terá sempre um fundo de verdade, não podemos nega-lo. Acho que, se alguns de nós precisam do dinheiro, devemos trabalhar para o obter. Quer dizer, afinal é isto que vamos fazer no resto da nossa vida. Ninguém nos vai entregar uma bandeja de notas por fazermos absolutamente nada. Tenho bem a noção disto e sei que nada é conquistado sem esforço, pelo menos se formos honestos. Infelizmente, os meus pais acham que eu, e os meus pequeninos 17 anos, somos imaturos e não sabemos "o quanto custa a vida". E não, eu não sei. Mas espero saber, porque tudo aquilo que pretendo alcançar no meu futuro não vai ser à custa de ninguém se não eu própria.

 Um outro obstáculo muito grande foi o consenso. Ui, se foi. Somos um grupo de 30 adolescentes na fase das borbulhas e da mania que somos muito grandes (inicialmente, eramos mais de 60). Reuniões de 2 horas nas quais nem o nome da festa se decidia. Isto para mim não funciona. Tenho pouca paciência, e há pessoas que não fazem qualquer tipo de esforço e não cedem nem um bocadinho. E eu sou teimosa, mas caramba, há limites. A maoria das decisões acabaram por ser tomadas no facebook, por votação. Relembro que isto é um grupo de jovens adultos quase a ir para a faculdade e, não dai a muito tempo, a entrar no mercado de trabalho. 

Estou de consciência tranquila. Fiz o que podia e mais um tanto. Aquilo que eu fiz, já ninguém teve de fazer.

 

Vamos todos ser melhor pessoas. Fazer um esforço e dar sempre mais um pouco de nós

 

 

Agora sou Águia

Desde 06 de Março de 2016 que sou oficialmente CaminheYra.

Tenho o lenço ao pescoço, agora só tenho de fazer por mantê-lo cá. É um compromisso, nem mais nem menos. Vou ter de o honrar como faço sempre que prometo algo, com a diferença que neste caso existe um símbolo que não me deixa esquecer essa tal promessa.

Sabe bem olhar para o lenço de pioneira que carreguei durante 3 anos e perceber que já se tornou vermelho. As manchas de suor que o preenchem contam histórias (histórias essas que a minha mãe queria por para a máquina de lavar) e é isso mesmo que pretendo que aconteça a este novo pedaço de tecido que tanto representa. 

Só há um defeito em estar nos caminheiros. Sinto que, apesar de ainda agora ter começado esta caminhada, já está a terminar. Claro que ainda tenho muitos anos nesta secção, mas tenho a impressão de que o tempo vai passar muito depressa e que nem o vou ver passar. E isto só me faz querer agarrar ainda mais a este movimento e aproveitar todos os momentos o melhor que conseguir.

Algo que me orgulha imenso é o facto de ter renovado a minha promessa ao lado daqueles de quem fiz a primeira. É bom saber que ainda estamos lá uns para os outros e que ninguém desistiu apesar desta nossa viagem ter sito muito turbulenta. 

Foi também na noite antes da eucaristia que fizemos uma reflexão. Foi-nos lido um texto com uma mensagem incrível. Somos todos Águia, só temos de aceitar quem realmente somos.